quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

XXXIX

 

08/01/22

Os donos do mundo são psicopatas?

Considerar "os donos do mundo" como simplesmente "psicopatas" é uma simplificação moralista da questão. A verdade é que quase todo mundo faria o mesmo que eles fazem se estivesse no lugar deles. Há verdadeiros psicopatas no poder, mas há também os que são "apenas" maquiavélicos, e que aprendem a sê-lo mesmo por questão de manter seus privilégios (e os da sua família). Se eles não jogarem o jogo com maquiavelismo, sabem que serão descartados e perderão o poder e privilégio que possuem. Então, pensando em defender a si próprios e a sua família, não têm outra escolha senão jogar o jogo de acordo com as regras dadas, reproduzindo o poder e o capitalismo. Estão presos em gaiolas de ouro. Eles são instrumentos do poder e do capitalismo, se tentarem se opor, serão descartados ou mesmo destruídos: não apenas eles, mas suas famílias também.

Note que a pessoa comum, que precisa lutar diariamente para garantir seu lugar ao sol, está também sujeita à mesma pressão. A diferença é que a pessoa comum está presa aos níveis mais baixos da pirâmide de Maslow, enquanto quem está no topo está preso nos níveis superiores, e obviamente não quer cair para os níveis inferiores e, assim como a maioria, ter que precisar lutar diariamente pela satisfação das necessidades mais básicas. E nós sabemos que, satisfeitas as necessidades mais básicas, o desejo está longe de esmorecer. O desejo (as “necessidades”, como se diz pasteurizadamente) é tão poderoso que mesmo que os indivíduos pudessem colecionar universos onde eles são deuses, eles ainda iriam querer mais: e, novamente, isso não é uma psicopatia, dado que mesmo pré-adolescentes vulgares brincam de criar universos (escrevendo livros, criando jogos, programando simulações, etc.).

Dos mais pobres ao bilionários, estão todos tentando sugar o máximo que podem pelo máximo de tempo que puderem. Mesmo que saibam ou desconfiem que a sociedade tal como é não poderá durar para sempre, e que seus esquemas e empreendimentos particulares são insustentáveis, o objetivo é estender o máximo que der, aproveitar o quanto der, e ir empurrando os problemas para o futuro, para quando não der mais para empurrar. Gerações já passaram fazendo isso, e a atual sonha em fazê-lo também. Esse comportamento é incrivelmente semelhante, tanto na elite mais rica quanto do massa mais pobre: focar em ganhar o máximo possível, e empurrar a conta para o mais longe possível. A economia marginalista até chama isso de "comportamento racional" (maximizar os benefícios recebidos, minimizar os custos pagos).

Enfim, quem está no topo está mais para um fantoche do poder e do capital (e que obviamente é muito bem remunerado por esse trabalho e por isso não quer abandoná-lo) do que alguém simplesmente psicopata. Como já dizia Marx, todos são escravos do capital.

Além disso, acontece com quem está no topo algo muito parecido com a maioria da população em relação ao consumo de carne animal: há todo um processo de higienização para separar os horrores do custo dos prazeres dos benefícios. Assim como a maioria das pessoas dissocia completamente o sofrimento animal ao comprar a carne cortada e embalada em plástico no supermercado, assim também a elite do planeta vive numa bolha higiênica, longe das consequências atrozes dos seus atos. Assim como todo mundo sabe, de maneira vaga e abstrata, o que ocorre na produção da “proteína animal”, assim também a elite sabe de maneira vaga e abstrata sobre os horrores que o resto da vida do planeta paga pelos prazeres dessa mesma elite. Essas consequências estão tão longe no espaço e no tempo, que soam a simples abstrações. E há também a montanha de ideologias (racionalizações) que legitimam e até glorificam o trabalho da elite. Então, é muito fácil para eles fazerem o que fazem de consciência tranquila, sem precisarem de fato serem todos psicopatas e, obviamente, sem perderem o sono por isso. Aliás, esse papo do “como você/eles consegue(m) dormir à noite?” é uma confissão de ingenuidade a cerca da capacidade de todos os humanos de inventar racionalizações/justificativas/legitimações para os seus atos e para os benefícios que recebem em detrimento dos outros seres. Ninguém perde o sono por abstrações como essas. A banalidade do mal...


09/01/22

A Navalha de Hanlon não tem fio

Quem aplica a Navalha de Hanlon (“Nunca atribua à malícia o que pode ser adequadamente explicado pela burrice”) acaba sendo facilmente enganado por quem aplica a 21ª lei do poder ("Faça-se de otário para pegar os otários – pareça mais bobo do que o normal"). As pessoas tem um viés de vaidade que já as empurra a acharem que são mais inteligentes do que os outros, ou seja, a subestimar a inteligência dos outros. Levar a sério a Navalha de Hanlon é se aprofundar ainda mais nesse viés, e é ficar cego para os que se fazem de burros ou mesmo para os que são burros, mas ao mesmo tempo são maliciosos o suficiente para instrumentalizar a própria burrice.

A Navalha de Hanlon parte de uma falsa dicotomia: a de que a malícia é completamente separável da burrice. Existem pessoas que são burras e maliciosas ao mesmo tempo, e que, inclusive, aprendem a maliciosamente instrumentalizar essa burrice, em especial para explorar os próprios parentes. Assim como existem as que sabem da prevalência estatística da burrice ante a malícia e sabem que isso gera um viés cognitivo (no sentido de achar-se que é mais razoável supor, diante de um caso concreto, sempre a burrice antes da malícia) e usam disso para fingir que são burras, ou para fingir que são mais burras do que de fato são: ou nem são burras e fingem ser, ou são mas fingem ser mais do que de fato são.

Isso leva a um paradoxo: ao superestimar a burrice e ao subestimar a malícia, a própria Navalha de Hanlon pode produzir avaliações burras.

Por fim, a Navalha de Hanlon erra por pressupor um conceito muito superficial do que é burrice (e, portanto, do que é inteligência) como sendo algo antitético à malícia, bem como adota com conceito simplista de malícia. Há muitas inteligências, e muitas burrices, e as pessoas podem ser maliciosas em certos contextos e relações e buscar compensar sendo bondosas em outros contextos e relações. Uma pessoa pode ser burra em vários aspectos, e ainda assim ter uma inteligência interpessoal suficiente para ser capaz de enganar, ou chantagear, as outras (em especial familiares). Essas outras pessoas podem até saber ou desconfiar que estão sendo enganadas, mas podem, por meio de um pacto de mediocridade moral, decidir ser cúmplices para não ter que arcar com as custos do enfrentamento (novamente, isso é muito comum nas relações familiares).

Enfim, a realidade psicológica e social é bem mais complexa e cinzenta do que pressupõe a Navalha de Hanlon, embora, de fato, a burrice seja mais forte e difundida na fauna humana do que a malícia.


11/01/22

Como abordar uma sincronicidade?


"É tudo tão inexplicável que me dói a inutilidade das ideias." (Cioran, em O livro das ilusões)


1 Trata-se de mera coincidência, de mera aleatoriedade sem sentido sobre a qual o cérebro humano (especialista em criar narrativas) está aplicando um padrão imaginário. Essa é a abordagem típica do ateu materialista e do “cético” (cientificista).

2 Houve uma intervenção humana secreta: estamos no campo das teorias da conspiração. Já aqui, a mente “racional” (herdeira do iluminismo) rechaça a aventurar-se, pois se está negando o dogma racionalista-otimista e “lúcido” (não paranoico) presente na primeira abordagem. Trata-se de um dogma, de um modelo estabelecido a priori e do qual se faz uso de maneira dedutiva (um ato de fé; onde estão os supostos ceticismo e agnosticismo?) para invalidar a validade mesmo de qualquer especulação a respeito de uma possível conspiração. Claro que também é verdade que, ao aceitar-se especular sobre uma conspiração, abre-se a porta para todo tipo de delírio. O problema é que às vezes a realidade é delirante mesmo. Basta olhar ao redor. O otimista-racionalista-privilegiado pode até olhar, mas não vai ver nada. Ele é incapaz de ver o lado sombrio da existência.

3 Houve uma intervenção secreta, mas não humana, ou não apenas humana: fácil entender o medo dos racionalistas em abrir a caixa de Pandora da conspiração, não? Pois agora já estamos falando de entidades inteligentes não humanas intervindo no mundo humano.

4 O evento foi natural, não houve uma planejamento, uma conspiração. Mas a sincronicidade é um indicativo de que, de alguma forma desconhecida, a dimensão do simbólico, do cultural, faz parte da própria natureza e está imiscuída nas relações naturais de causa e efeito.

Claro que nada impede que todas as abordagens estejam corretas, cada uma em um determinado caso concreto em particular. Às vezes um cachimbo é só um cachimbo; às vezes, não é só um cachimbo.

    






12/01/22

Quando o negacionismo não é considerando negacionismo


A maioria dos físicos não acredita que iremos algum dia conseguir realizar viagens interestelares com a facilidade com que elas são mostradas nas centenas (talvez milhares) de obras de ficção científica que abordam o tema e saturam o imaginário público. Assim também ocorre com a questão da viagem no tempo, embora essa apareça menos nas obras de ficção científica. Embora o termo seja “ficção científica”, essas ficções já se repetiram tanto que vivaram realidade: parece só questão de tempo até que desenvolvamos as tecnologias necessárias.

Porém, apesar da verdade científica, essas fantasias prometeicas já estão tão onipresentes em nosso imaginário, que soa até contraintuitivo acreditar que, mesmo se o desenvolvimento tecnológico continuar por centenas (ou mesmo milhares) de anos, simplesmente nunca teremos a tecnologia para realizar hodiernamente tais façanhas já demonstradas virtualmente impossíveis pela ciência.

Por que esse imaginário anticientífico – negacionista – é aceito pelo mainstream? Por que não é perseguido? Por que não há campanhas de conscientização? Por que os cientificistas e divulgadores científicos não militam contra essa ilusão? Por que eles, ao contrário, até mesmo chegam a celebrá-la? Bem, é fácil responder: porque é uma ilusão otimista, conveniente ao prometeismo tecnológico que anima o imaginário da modernidade e do iluminismo, porque é um imaginário reconfortante ao ego e à vaidade dos poderosos (os poderosos econômicos, os poderosos políticos e até os poderosos científicos) e da população em geral, porque atende aos interesses do poder hegemônico (inclusive ao viabilizar um volume enorme de entretenimento para as massas), porque vai de encontro à vontade de poder.

Ou seja, para uma assertiva, uma convicção, ser taxada de “negacionismo” não basta ela ser contrária ao que a ciência diz, ela também precisa ser desagradável aos interesses dos poderosos.


quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

XXXVIII

 

12/12/2021


Uma vida humana de 90 anos tem apenas 2.838.240.000 de segundos. Para viver 8 bilhões de segundos (um para cada ser humano vivo no planeta), seria necessário viver 253,68 anos.


28/12/2021

As pessoas acreditam no que querem acreditar. Mas isso não quer dizer que todos estão igualmente enganados sobre tudo ao mesmo tempo. Mesmo todos estando movidos por vieses cognitivos, acaba acontecendo de, sobre uma questão em particular, uns estarem mais certos do que outros. É quase como aquela frase “até um relógio parado acerta pelo menos uma vez por dia” (duas vezes por dia se for um relógio de ponteiro), mas isso num caos semiótico com bilhões de relógios: em cada momento, há um grupo de relógios que está marcando a hora certa.


30/12/2021

Terceiro incluído.


"Bateson’s insight helps us see the unique meanings of wrestling. Everything

Dundes (1997) says about football and other ball sports applies in some ways to

wrestling, but wrestling distills the symbolism. In wrestling, there are no distancing,

mediating symbols; the male contact is as direct and as intimate as a sport can

get. For the wrestlers, but also (we think) for the observers, wrestling combines

primary and secondary processes. Put differently, wrestling both is and is not combat.

Wrestling both is and is not sex. It looks and feels like combat, and it looks

and feels like sex, but the peculiar, paradoxical genius of the wrestling play frame

is that it both is and is not either of these." ("Wrestling with Masculinity", Andrew Delfino & Jay Mechling, 2017)





01/01/2022

A condição humana


A exaptação negativa da lucidez gera consternação, espanto e dissonância cognitiva com o real. Junto com a imaginação, a consternação, o espanto e a dissonância cognitiva alimentam hipérboles do real: fantasias sobre versões alternativas melhoradas do real. Esse choque entre real e ideal (irreal melhor do que o real) leva a uma insatisfação com a vida e, essa, alimenta o desejo de morrer e enfraquece o desejo de viver.

O instinto de sobrevivência atua junto com a imaginação e, via wishful thinking, cria a convicção de que as hipérboles imaginadas são reais: surgem as fés anímica e mitológica num mundo transcendente, fés que depois, dogmatizadas e institucionalizadas, fundamentarão a crença religiosa, e que, depois, levadas para o domínio da política, se transformarão em utopia-ideologia política, e que, mais depois ainda, levadas para o domínio da indústria cultural, se transformarão em entretenimento.

Por meio dessa fé numa irrealidade, reconcilia-se o real com a consciência ferida pela insatisfação com esse mesmo real: o organismo persevera na vida, não pela vida em si (o real) mas pela imaginação de uma vida fictícia que transcende a vida real (ou seja, algo irreal, mas que se acredita real, ajuda o organismo a cumprir seu instinto de autoconservação e assim manter sua adesão ao real mesmo quando esse apresenta-se como insuficiente, e assim aderir às atividades autopoiéticas).

O organismo que consegue manter uma homeostase entre o real e o irreal persevera na adesão à sua própria autopoiese; o que não consegue, acaba por sucumbir ao suicídio pelas mais diversas formas possíveis, incluindo o suicídio em doses homeopáticas, geralmente cometido nos casos de distimia.


04/01/22

Quanto mais envelhecem, mais as pessoas se afundam em si mesmas, menos provável é que haja uma mudança expressiva em sua idiossincrasia. Muitas pessoas vão virando caricaturas. Conversões tendem acontecer basicamente se favorecem esse movimento de se afundar em si mesmo.

Com a saturação informacional e com a quantidade enorme de informação que cada subcultura produz, fica cada vez mais difícil sair de uma subcultura em particular e ir para outra.

Os sistemas (sejam os cérebros humanos, sejam as subculturas, seja uma civilização) vão progressivamente se fechando em si mesmos, e tudo que vem de fora passa por um filtro estruturado em torno da descrição que o sistema faz de si mesmo.

Enrijecimento, fechamento, afundamento, caricaturamento... e, por fim, a morte.


06/01/22

Se precisar resumir a minha posição na vida com algum/uns “ismo(s)” de maneira mais curta possível, seria a seguinte: um niilista passivo eudemonista. Não dá para dizer que sou apenas niilista passivo, e nem dá para dizer que sou apenas eudemonista. Eu adoto uma mistura de partes dos dois, irredutível a um ou a outro, mas sem adotar nenhum integralmente. As partes do meu ethos que não podem ser reduzidas a niilismo passivo, podem ser reduzidas a eudemonismo, e vice-versa. Talvez (eu teria que estudar mais para ter certeza) seja possível sintetizar esse niilismo passivo eudemonista como uma forma de cinismo.


A inutilidade da vida foi reconhecida no cinismo e, no entanto, ele ainda não se voltou contra a vida. Não: ali, muitas pequenas vitórias e uma língua solta satisfazem.” (Niehues-Pröbsting, “A recepção moderna do cinismo. Diógenes no Iluminismo.”)


07/01/22

Quando estaremos todos mortos?


Após cerca de 6 anos e meio acompanhando quase que diariamente a questão do "fim do mundo", tenho as seguintes estimativas a apresentar.

Primeiramente, há pelo menos cinco "fins do mundo":

1) O colapso da civilização/capitalismo global, com a inviabilização da vida da maioria dos humanos.

Mas ainda restaria um "mundo pós apocalíptico", formado pelos sobrevivencialistas, pelas pessoas nos bunkers, pelas agrupamentos humanos que até hoje não entraram em contato com a civilização e com uma massa de sobreviventes do colapso (o tamanho dessa massa depende do desenrolar do processo de colapso em si). Esse mundo pós apocalíptico, então, se arrastaria para o fim propriamente dito (o fim de "de fato" interessa para os humanos):

2) A extinção humana

Após a extinção humana, o planeta continuará a sofrer com as consequências dos processos que levaram à extinção humana, o que poderá levar a um terceiro fim do mundo:

3) A extinção de toda a vida na Terra

Mas ainda existiria a chance da vida acabar voltando à Terra. Para isso não acontecer, a própria Terra teria que acabar:

4) A destruição da Terra

Por fim, ignorando a provável existência de vida em outros planetas e pulando para o "último fim":

5) O fim do universo (provavelmente mediante a morte térmica)

Claro que provavelmente existem outros universos e até uma quantidade incalculável de multiversos, então mesmo o fim desse universo não seria o "último fim" necessariamente.

Focando nos dois primeiros fins: Não necessariamente é preciso levar décadas entre os dois. O colapso da civilização pode ser tão destrutivo que pode destruir em questão de meses ou poucos anos o habitat para o Homo sapiens. Uma vez o habitat destruído, a espécie está funcionalmente extinta, mesmo que ainda possam restar indivíduos (por exemplo, bilionários em superbunkers com estoque de mantimentos para algumas décadas). Mas também não sabemos se existem bunkers bons o bastante para proteger de todos os perigos possíveis (por exemplo, para proteger da radiação que será emanada pelos cerca de 500 reatores nucleares que ficarão sem a devida manutenção, além de todo o lixo nuclear que também ficará sem manutenção).

Bem, dada toda essa explicação e focando no primeiro fim (morte da maioria dos humanos), a probabilidade estimada por mim é:

30% de que ocorra entre 2022 e 2030;

60% que ocorra entre 2031 e 2060;

9,9% que ocorra entre 2061 e 2090;

99,9% de que ocorra até 2090.

Quanto à segunda definição (extinção humana, morte do último espécime humano), a probabilidade estimada é a seguinte:

15% de que ocorra entre 2025 e 2035;

50% de que ocorra entre 2036 e 2065;

30% de que ocorra entre 2066 e 2099;

4,9% de que ocorra entre 2100 e 2130;

99,9% de que ocorra até 2130.

(Obs.: Cabe salientar que, comparando-se com o que costuma-se acreditar na comunidade da Near Term Human Extinction, essas probabilidades são bem otimistas.)

Quanto à terceira definição, é possível que a destruição causada pelo Homo sapiens seja tão grande que de fato leve à perda do habitat para todas as formas de vida que atualmente ocupam o planeta. Mas como esse processo poderia levar até milhares de anos após a extinção humana para de fato se consumar, fica difícil fazer uma estimativa confiável o suficiente para ser mensurada em termos de datas e probabilidades.

Quanto à destruição da Terra e do Universo, há muitas estimativas realizadas pelos cosmologistas, em geral estando para acontecer daqui a bilhões de anos. Longe demais para eu me preocupar no momento.

"O Fim do Mundo — que alívio pensar nisso! No entanto, só podemos falar honestamente do Fim do Homem, que é previsível e até mesmo certo, enquanto o outro parece dificilmente concebível. Não vemos, com efeito, que sentido poderia haver em falar do fim da matéria; pois um fim tão distante não diz respeito a ninguém. Fiquemos nas proximidades do homem, onde o desastre faz parte da paisagem e do programa." (Emil Cioran, em "Cadernos: 1957–1972")