01/01/2017
04/01/2017
“Otimista
racional” é uma contradição em termos: quando alguém busca ser o mais racional
possível, não tem como se encaixar em qualquer definição de otimismo.
Supondo-se que uma abordagem racionalista chegue não ao otimismo nem ao
pessimismo, mas ao realismo, o que eu tenho a acrescentar é que esse realismo
não está a um ponto eqüidistante do pessimismo e do otimismo, mas sim mais
perto do primeiro do que do segundo: isso porque o realismo racional – munido
de uma extensa investigação ontológica e fenomenológica – não tem como não se
aproximar do pessimismo ontológico, que nada tem em comum com qualquer
denominação de otimista.
14/01/2017
Os 4 níveis
da ficção:
1. Intuição
(percepção sensual do mundo);
2. Teoria
(explicação da intuição);
3. Ideologia
(teoria social);
4. Utopia
(idealização do mundo para além do intuído).
20/01/2017
Teori da conspiração e os pseudocéticos
Descobri um
dos motivos porque eu sou atraído por teorias da conspiração: porque elas
levantam dúvidas sobre pessoas e instituições de reputação ilibada, logo porque
elas rompem com o bom-mocismo e com a razoabilidade ingênua (e otimista
ontológica) e apontam para o pessimismo ontológico que tanto me agrada.
Assim como
ocorre com as pessoas individuais, com as famílias e com os demais grupos, as
instituições sociais mantém uma aparência ilibada, enquanto por debaixo dos
panos a corrupção corre a solta. Enquanto os teóricos da conspiração apontam o
dedo para essa corrupção generalizada, seus críticos arautos da razoabilidade
chamam a atenção para a aparência ilibada do verniz de sociabilidade.
Como a
realidade é construída socialmente e como existe uma divisão social do
conhecimento, em última instância cada um se vê na posição de ter que acreditar
no que especialistas dizem. Como todo ser humano é corrupto, não há como
confiar 100% em qualquer especialista ou autoridade, por mais ilibada que seja
sua reputação. Uma postura “verdadeiramente” cética não é aquela que descarta
prontamente as teorias da conspiração em nome da razoabilidade e da crença nas
instituições e no ser humano, tampouco é aquela que abraça as teorias da
conspiração em nome da desconfiança nos poderes estabelecidos: as teorias da
conspiração estão mais corretas no que questionam do que no que constroem:
demolem ídolos para colocar novos no lugar, usam da desconfiança para logo
apelarem para a confiança. Dessa maneira, o cético de verdade acaba
simplesmente não acreditando nem nas versões oficiais nem nas teorias da
conspiração: essa seria uma posição mais honesta e cética: admitir que
simplesmente não há como saber “a verdade” sobre essas questões.
Se não temos
como saber se um avião com um ministro do STF que era relator da Lava-Jato caiu
por sabotagem ou não – se não temos como saber nem a verdade sobre um evento
concreto que de fato ocorreu agora pouco –, imagine então se temos como saber
se esse mundo é ou não uma simulação, se existem outros níveis de realidade que
afetam esse aqui, etc. etc. A postura mais honesta intelectualmente NÃO é a dos
“céticos” arautos da razoabilidade – que se agarram ao senso-comum, à
cotidianidade reificada, ao “bom senso”e a uma cosmovisão em última instância
otimista – mas sim aquela que admite que simplesmente não temos como saber a
verdade nem sobre um evento pontual como essa queda de avião, e muito menos
sobre o que é esse mundo.
“Ceticismo”
não é defender a visão razoável, “científica”, racional da realidade – isso é
“razoalismo”, cientificismo, racionalismo. Ceticismo é não acreditar em nenhuma
visão da realidade – é perceber que toda metanarrativa é falha. Claro que umas
são mais prováveis do que outras, são mais bem-cosntruídas do que outras – mas
daí podemos no máximo estabelecer uma estimativa de probabilidades, e não uma
certeza, como “os céticos” (racionalistas, cientificistas) pretendem fazer.
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