30/04/2017
Quanto
mais despida de ideologia uma metanarrativa se pretende, mais ela precisa se
policiar para se despir de juízos de valor – principalmente quando se põe a
pensar a respeito de outras metanarrativas. Repetidamente vejo pessoas
associadas a alguma metanarrativa/ideologia acusar os que pensam diferentes de
serem burros ou mesmo dotados de “mal-caráter”: quando esse tipo de argumento é
o melhor que se tem, revela-se o quão vitimado se está pelos próprios vieses
cognitivos e pela própria adesão cega a uma fé, ao ponto de não conseguir nem
imaginar o funcionamento da mente alheia sem apelar para a acusação dela ser
inferior a sua.
*
Niilismo criacionista
Mesmo que vivêssemos em um mundo claramente
fabricado para a nossa moradia – como seria o caso se adotássemos o modelo da
Terra Plana – assim mesmo poderíamos assumir uma postura basicamente niilista.
Para entender isso, basta notar a relação que nós humanos temos com animais em
aquários, com fazenda de formigas, com os fungos que destilam álcool (ou coalham leite, ou fazem os pães crescer, etc.), com ratos em laboratório, com bactérias
em uma placa de Petri, com as bactérias do nosso sistema digestório, com nossos videgames, etc.
Qualquer uma dessas relações que temos com
esses seres mencionados poderia ser muito parecida com a relação que temos com
o criador/proprietário desse nosso universo da Terra Plana: poderíamos servir
de passatempo e enfeite; poderíamos com nosso metabolismo sintetizar algum
valor de uso; poderíamos ser um experimento científico sério (realizado por
cientistas profissionais), ou mesmo um experimento científico caseiro
(realizado por algum adolescente em seu quarto ou no porão); poderíamos ser
parte de um organismo e contribuir para o seu funcionamento; poderíamos ser uma
simulação virtual (a qual poderia servir tanto para fins de pesquisa quanto
para mero entretenimento), etc.
A razão especulativa permitiria validar
qualquer uma dessas hipóteses, e tantas outras (como a da Gnose), mesmo em um
mundo notadamente fabricado para que nele nós habitássemos. As conclusões às
quais os criacionistas judaico-cristãos chegam não são baseadas em evidências,
mas sim nos seus instintos de autopreservação.
06/05/2017
Nessa
sístase, a elite, maquiavélica e altamente instruída, dá as mãos com a massa, ignara e neurótica, para, juntas, construírem o pior.
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