01/04/2017
O “despertar
para o Essencial” (para o conhecimento da inanidade do ser) depende de um misto
de sofrimento com hipertrofia da lucidez. A falta de um grau suficiente tanto
de um como de outro não é suficiente para servir de gatilho a esse “despertar”.
Por isso algumas pessoas, por mais inteligentes (mesmo geniais) que sejam, não
descobrem o Essencial PORQUE SEM UM SOFRIMENTO EXPRESSIVO NÃO VÃO DIGIRIA A SUA
INTELIGÊNCIA PARA ESSA QUESTÃO. Também pode ocorrer de alguém ingênuo sofrer
muito e, por déficit de um nível mínimo de inteligência, não despertar para o
Essencial.
“Somente os verdadeiros
sofredores são capazes de uma seriedade autêntica. Os outros estão prestes a
renunciar, ao fundo deles mesmos, às revelações metafísicas originárias do
desespero e da agonia em troca de um amor inocente ou de uma voluptuosa
inconsciência.” (Cioran em "Nos Cumes do Desespero")
02/04/2017
Se existem
milhares de realidades (representações do real), cada qual com sua
metanarrativa sobre o que é a vida e o que ocorre após o evento da morte, então
é tautológico que não só a maioria (senão todas, caso nenhuma dessas realidades
corresponda ao real) das pessoas vive enganada como morre na expectativa de que
aconteça algo que não acontece quando a morte se efetiva.
04/04/2017
Segundo
Stephen Hawking, daria para destruir todo o universo – rasgando o campo de Higs
– com um acelerador de partículas de diâmetro se circunferência equivalente ao
da Terra. Segundo o mesmo físico, para estudar fenômenos do tamanho do
comprimento de um plank seria necessário um acelerador de partículas com
diâmetro equivalente ao nosso sistema solar.
Conclusão 1:
é mais fácil destruir todo o universo do que descobrir todos os seus segredos
constitutivos.
Conclusão 2:
um civilização altamente tecnológica poderia destruir o universo inteiro, seja
sem querer seja propositalmente.
10/04/2017
Eu posso,
simultaneamente, achar que sou mais lúcido do que a maioria (que a minha visão
de mundo particular é mais verdadeira que a visão de mundo da maioria das
pessoas) e que ninguém é melhor do que ninguém (ou seja, que eu não sou melhor
do que os outros). Isso porque o sentido da vida não é “descobrir a verdade/ter
mais lucidez”: mesmo eu estando acima da média nesse quesito, como estar acima
da média nesse quesito não é o sentido da vida então isso não me faz melhor do
que ninguém (assim como não faria sê-lo ser especializado em qualquer atividade).
*
Cada um é um
universo. Mas alguns universos são mais áridos que outros.
*
O século XX
foi o momento no qual a humanidade descobriu quem é e ao mesmo tempo cavou a
própria cova.
*
É tudo uma
grande masturbação.
*
A “sensação
de irrealidade” – o estranhamento – é um sinal da desabrochar da lucidez, um
sinal de início de desreificação da consciência. Ela está na origem da religião
e da filosofia. Chega a ser inacreditável que aquele psiquiatra imbecil que
diagnosticou esquizofrênico por causa disso. É isso que acontece quando se
aceita insiders como autoridade...
11/04/2017
Tanto utopia
quanto distopia são estímulos à ação: a utopia é uma promessa de prazer atrás
da qual se corre e a distopia é uma promessa de sofrimento a evitar-se que se
substancie. Assim como a utopia produz as ideologias, a guerra entre as
ideologias produz as distopias como ferramentas que cada ideologia produz para
desqualificar suas concorrentes.
Assim como a
utopia é impossível, a rigor a distopia é também impossível – ou pelo menos não
é muito durável. A menos que se entenda como distopia a própria realidade de
insatisfação humana, que vai aparecer inevitavelmente em qualquer sociedade (ou
mesmo num indivíduo sozinho). Agora, a figura da distopia como um império de
terror totalitário e definitivo é fantasiosa porque a vida humana sequer
suportaria uma condição dessas sem que isso levasse a extinção da espécie por
anomia dos indivíduos.
*
Se partimos
da premissa que tanto a direita quanto a esquerda têm um compromisso com a ideia
de mundo melhor, então eu não sou nem de esquerda nem de direita, pois não
tenho esse compromisso. Não sou nem “isentão”, pois esse nome é usado para
descrever quem tem opiniões que ora estão mais para um lado ora estão mais para
outro lado do espectro político. Eu estou mais para “indiferentão”, já que
simplesmente não tenho opiniões políticas. Eu não falo em nome de
coletividades, não sei o que é melhor ou pior para elas. O máximo que posso
fazer é dizer o que eu ACHO (e mesmo essa opinião pode estar errada) que seria
melhor para mim – o que não quer dizer que eu quero convencer os outros a
pensar como eu penso, afinal ninguém além de mim precisa se preocupar com meus
próprios interesses. Entendo que alguém de esquerda possa acusar essa minha
posição de ser de direita, de ser alienada e etc. Tudo bem, cada um acredita no
que quiser, não é objetivo meu que os outros achem que eu sou “do bem”, que eu
não sou alienado, que eu faço parte da solução e não do problema, etc.
12/04/2017
A dinâmica
da vida pressupõe uma dialética entre competição/ódio e cooperação/amor – isso
também é válido para o funcionamento das sociedades humanas. No atual estágio
tecnológico da civilização tudo indica que iremos nos destruir enquanto espécie
por um excesso de competição/ódio/atividade. Mas o que os defensores do amor e
de compaixão não percebem é que esses sentimentos se muito difundidos também
inviabilizam o funcionamento de uma sociedade e, no limite, a própria
autopoiese da espécie: se todos os seres humanos se afundassem da empatia, na
compaixão e no amor, isso os levaria à inação ascética, e, por fim, à extinção
voluntária. Mas isso nunca acontecerá, pois exigiria um grau inatingível de
negação de nossas programações biológicas autopoiéticas (por mais que muitos
indivíduos escolhessem esse caminho, sempre restaria alguns que não o fariam e
assim dariam continuidade á espécie). Na pratica, o que a história da
humanidade demonstrou exaustivamente é que aquelas sociedades nas quais a
empatia se desenvolve demais acabam se enfraquecendo e sendo dominadas (ou
mesmo varridas do mapa) por outras sociedades mais brutas, mais odiosas,
violentas, ativas, másculas, etc.
Os evangelistas
da empatia estão, portanto, militando em vão (como o estão os evangelistas de
qualquer causa). E resta saber se eles percebem que o nosso padrão material de
vida depende diretamente do atual nível de
ódio/competição/violência/reificação. Estaria disposta a evangelista Maristela,
por exemplo, a não ter um automóvel (e outros confortos capitalistas que ela
tem) em troca de uma maior empatia entre as pessoas? É que ela provavelmente
não percebe o papel construtivo que a
violência tem em nossa civilização de alta entropia. Na cabeça maniqueísta viesada
desses evangelistas da não violência e da empatia, a competição só produz o
mal, só atrapalha o funcionamento da vida, e o amor só produz o bem, só
viabiliza a autopoiese: não percebem o caráter fundamentalmente contraditório,
aporético, da própria vida, do próprio ser; são vítimas do próprio otimismo
ontológico que cultivam.
13/04/2017
Não sabendo
que era impossível, foi lá e... se ferrou.
*
Cada corpo
no Everest ja foi um homem extremamente motivado.
15/04/2017
Se você não ri
da insanidade, você se torna insano. Levar as coisas a sério é fatal.
*
Nesse mundo
onde nada se resolve, cada um acredita no que quer acreditar.
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